Um exemplo chamado Chapecoense

Por: Marcos "Marcuccio" Caiafa em 03 dez 2016
Uma coisa que eu só senti quando morreu o Ayrton Senna

"Uma coisa que eu só senti quando morreu o Ayrton Senna".

Esta frase, de um ouvinte a um programa de rádio logo cedo - assim que acordamos nesse pesadelo, eu já havia escrito à uma amiga, numa rede social. Essa triste coincidência acabou por me decidir em escrever sobre este dia terrível. Havia pensado em algo sobre as expectativas para o próximo ano do nosso Juve. Mas esse nó na garganta, essa sensação de soco no estômago, não deixam.

Um clube jovem. Um corpo diretor focado, que soube administrar muito bem seus recursos. Uma série meteórica em acessos de divisões. Um povo que acolheu como seu esse sonho de vencer no futebol. E, claro, um grupo de atletas talentosos e profissionalmente empenhado.
Como num tripé, cada um dos sustentáculos não se mantém sem o outro. E assim a Chape, em pleno equilíbrio, soube conquistar seu lugar, mantê-lo e vislumbrar um futuro de glórias.

Confesso que não gosto do termo "um time simpático". Pra mim é um rótulo colocado pela mídia quando um time considerado pequeno desperta atenção. Mas enfim, por sua simplicidade, humildade e perseverança, a Chapecoense se tornou o 'segundo time' do torcedor brasileiro. Mesmo sem o 'craque'. Mesmo sem salários astronômicos. Mesmo situada numa região sem tradição no futebol. Oeste catarinense. Alemães, italianos, poloneses... Um sotaque constituído de muitos.

Assisti uma pauta sobre o embarque à Colômbia, definido pela equipe como "o jogo mais importante da Chape". O segundo jogo seria aqui em Curitiba e, sinceramente, acreditei vê-los campeões. O técnico Caio Jr., competente em superar as limitações e disciplinar taticamente as equipes que comandou, saberia certamente encontrar o caminho da vitória em Medellín.

Consumada a tragédia, o mundo do futebol respondeu com seu melhor lado, o da solidariedade.
E foi um grande alento ver que ainda há espaço para a nobreza e o verdadeiro espírito esportivo.


Associação Chapecoense de Futebol.
Uma prova de quando há interesse sincero, foco e administração efetiva, o sucesso se torna mera consequência. E lamento imensamente que este belo time não teve oportunidade de desfrutá-lo.
Talvez justamente por nunca pararem de subir, estejam agora na companhia dos anjos.

Foto Autor
Marcos "Marcuccio" Caiafa
Paulistano, juventino, exilado em Curitiba. Escreve para a página Casa Nostra, no Facebook

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