Maurício Carvalho quer ser campeão da A3

08 jan 2014
Hoje capitão do Juventus, Maurício Carvalho lembra do início da carreira

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Quem vai à Rua Javari assistir a um jogo do Juventus vê o capitão Maurício Carvalho e logo pensa que se trata de um veterano passando a experiência para os garotos, em um time que em 2014 disputará a Série A-3, na prática a terceira divisão paulista. Porém, a história do zagueiro no futebol é curta, apesar de não ser simples de ser contada.

Com a barba que aparenta muito mais do que seus 21 anos, Maurício não esconde que desperdiçou uma grande chance na carreira. Revelado na base do São Paulo e campeão duas vezes com as seleções sub-15 e sub-17, o zagueiro admite que achava que estava em um nível superior ao que realmente estava. Desvirtuou-se do foco no treinamento, queria sua vaga na zaga profissional do São Paulo e deixou o clube: "Não fui humilde".

Com passagens por clubes menores que o Tricolor, Maurício Carvalho está se reerguendo no tradicional Juventus. Lembrando com bom humor os tempos que passou na seleção de base com craques como Neymar, Wellington Nem e Phillippe Coutinho, Maurício sabe que precisa batalhar para estourar no futebol como se imaginava. Porém, pelo menos na base Maurício podia brincar com Neymar: "Ele nunca ganhava de mim e dos outros são-paulinos da seleção".

Leia a entrevista abaixo:

P: Maurício, como foi sua carreira até chegar ao Juventus?
R: Eu iniciei minha carreira aos 12 anos no São Paulo, e eu fiquei até 2011, quando recebi uma proposta do Pelotas-RS. Me arrisquei, pedi a rescisão para o São Paulo, pois tinha contrato até fim de 2013. Eu queria jogar no profissional de qualquer jeito, mesmo sendo um clube de menor expressão. Fui para o Sul mas não deu certo. Fui contratado pelo presidente, mas a diretoria não sabia, foi um conflito de interesses. Fiquei lá apenas duas semanas e depois muito tempo parado. Fui para o Bragantino e cheguei ao Juventus em abril deste ano.

P: Como foi sua saída do São Paulo? Você se destacava na base, não?
R: Com certeza, desde o começo fui bem e fui campeão de vários campeonatos. Tive 11 convocações para as seleções de base até o sub-17, fui campeão sul-americano sub-15 e sub-17. O problema é que fui muito imaturo na época do São Paulo, achei que estava em um nível que não estava. Eu achava que tinha que jogar no time profissional de qualquer jeito, pois ia bem nos treinos lá. Eles diziam que ainda não era a hora, mas me equivoquei principalmente nos treinamentos, era preguiçoso. Hoje tenho outra cabeça, é trabalho primeiro lugar.

P: Você jogou foi para a Seleção de base com o Neymar né? Quando foi isso, quem mais estava lá?
R: Sim, com o Neymar, o Phillippe Coutinho, o Lucar, o Casemiro. Eu fiz a base inteira com o Casemiro no São Paulo e na Seleção.

P: O Casemiro teve um problema semelhante ao seu no São Paulo?
R: O Casemiro teve uma situação semelhante, sempre pegou Seleção comigo, sempre se destacou, era bem visto por todos, mas teve a chance primeiro do que eu no profissional. Ele também achava que deveria jogar de qualquer jeito no profissional, acabou se desligando um pouco do foco de treinar.

P: Como era o Neymar nos treinos? Ele já era muito badalado, alguém se sentia incomodado com isso?
R: Eu joguei com o Neymar na Seleção Sub-17, e ele já era badalado, era sempre o entrevistado, o protagonista, mas sempre muito humilde. Nós conversávamos bastante. Como outros na Seleção, eu era do São Paulo, aí sempre brincava que ele nunca ganhou de mim nos Campeonatos Paulistas. O São Paulo ia lá, metia 3 a 0 no Santos e a gente brincava… Mas ele sempre foi diferenciado.

P: O Neymar cresceu muito rapidamente no futebol, e com a maioria, como você, não é assim. Houve muitos casos assim na geração que você jogou na Seleção?
R: Não dei sequência por irresponsabilidade. Como disse, fiz coisas erradas no São Paulo, não fui muito humilde naquela época. Outros jogadores já estavam maduros. Hoje tenho outra cabeça, quero ser campeão novamente. Além do Neymar, tem o exemplo do Coutinho, do Wellingtom Nem, caras que já estouraram. Outros, como eu, ainda não. O Jefferson, zagueiro que atuou comigo na seleção e era capitão de todas as categorias, hoje está rodando pelo interior, estava no Red Bull em 2012. Mas creio minha hora está chegando.

P: Você está fez bom jogos pelo Juventus em 2013. Teve propostas para sair do clube?
R: Só especulações, pois proposta concreta mesmo eu só tive de renovação do Juventus. E renovei por um ano. Um diretor da Portuguesa me procurou, assim como houve sondagens da Ponte Preta, do São Bernardo, e até o Everton, da Inglaterra. Quem sabe… Estou feliz aqui no Juventus, tenho uma identificação com a torcida. No meio de 2014 ou no fim, se algum clube fizer uma proposta vamos analisar.

P: Como foi a experiência do rebaixamento com o Juventus no Campeonato Paulista e depois a boa campanha na Copa Paulista, que teoricamente tem os times com muitas apostas e elencos mais baratos?
R: Cheguei em abril, com o Juventus já rebaixado. O grupo estava desacreditado, e na Copa Paulista tinham times com mais expressão e com folhas salariais muito maiores. Teve jogo que viajamos 3, 4 horas para jogar, sem dormir direito, e jogamos bem. Ninguém dava nada, mas fizemos uma boa fase de grupos e chegamos às quartas de final. Levantamos o moral do Juventus.

P: O que você espera da Série A-3? Espera diferença em relação à Copa Paulista?
R: Com certeza vai ser mais difícil. Minhas expectaviva é ser campeão, subir esse time, levar para elite, onde é o lugar dele.

P: Você já conhecia o novo técnico, Serginho? Vai continuar como capitão?
R: Conhecia como adversário, ele era do Audax. O começo de trabalho dele aqui vem sendo excepcional, ele falou algumas coisas que nunca tinha visto. Ele vem com novidades, montando um time forte para chegar no nosso objetivos. Eu devo continuar a ser capitão, mas ele não chegou para mim ainda e falou "você é o capitão".

P: Com relação a outras torcidas que você viu, o que tem a dizer sobre a do Juventus? Ela é pequena comparada aos grandes clubes, mas é mais exigente do que as dos times dessa divisão…
R: É uma torcida fanática, que lota a Javari, inclusive vi em uma reportagem que a média estava maior que de alguns clubes da Série A (a média de público do Juventus na Copa Paulista foi de cerca de 1000 pagantes por jogo). As pessoas gostam, veêm com a família, acompanham, e cobram o resultado. A torcida ficou brava com a queda, mas agora o pessoal na rua cobra incentivando.

P: Tem muito brasileiro que joga na Europa hoje em times menores, que não necessariamente se destacaram na Série A do Brasileirão, por exemplo. Você pensa em jogar na Europa, mesmo que seja em um time menor, ou se a oportunidade aparecer em um time que esteja em uma divisão maior aqui no Brasil você daria preferência para ficar?
R: Eu jogo futebol para dar uma condição boa para a minha família. Em segundo lugar vem o reconhecimento, aquele negócio de jogar em um time grande e ser reconhecido na rua. Se tivesse uma proposta vantajosa para todos de fora do país, com certeza iria.

Fonte: Yahoo Esporte Interativo - André Carbone


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