Nostalgia, rivalidade e professor Pasquale: Juventus vence Lusa

23 mar 2017
Na Rua Javari, Moleque Travesso faz 3 a 1, respira na Série A-2 e afunda a Portuguesa

Ale Vianna / Divulgação C. A. Juventus
  Ale Vianna / Divulgação C. A. Juventus
Bairro da Mooca, Zona Leste de São Paulo. 15h de uma quinta-feira. O horário pouco habitual para o futebol não atrapalhou os torcedores de Juventus e Portuguesa nos arredores do estádio Conde Rodolfo Crespi, a Rua Javari.

Fila na entrada, churrasqueiras, conversas regadas a cerveja... Um ambiente típico de qualquer partida - esta válida pela 12ª rodada do Campeonato Paulista da Série A-2. E valendo, para ambas as equipes, uma distância maior da zona de rebaixamento.

No primeiro minuto de jogo, êxtase para os donos da casa. Caihame, camisa 9 do Juventus, abriu o placar em chute cruzado fraco, mas que acabou em frango de Ricardo Berna. O empate veio aos 25, com Leandro Domingues, após muita insistência da Portuguesa, em rebote à queima-roupa.

O jogo, muito disputado, especialmente na etapa complementar, guardou para os últimos 10 minutos sua definição. Léo Ribeiro, aos 35, e Jorge Mauá, aos 42, transformaram o sofrimento dos juventinos em gritos de "olé" e "terceira divisão" para os lusitanos. Mais um golpe no longo calvário rubro-verde.
Após o 3 a 1, o Juventus, com 17 pontos, subiu para a nona colocação e ganhou um alívio maior em relação ao Z-6. A Portuguesa, com 13, só não ocupa uma vaga entre os futuros rebaixados por vencer Barretos e XV de Piracicaba, que acumulam a mesma pontuação, nos critérios de desempate.

No próximo domingo, às 16h (horário de Brasília), a Lusa recebe o lanterna União Barbarense no Canindé. O Juventus visita o XV no Barão de Serra Negra, às 19h.

Italianos x portugueses

Não bastasse o cenário nostálgico por si só da Rua Javari, observar os elencos das duas equipes era um convite a memórias. A proximidade das arquibancadas com o gramado, aliás, sempre torna o jogo de futebol um capítulo muito mais interessante na Mooca.

Às costas de Estevam, um ensandecido torcedor do Juventus passou o jogo inteiro provocando. Quando a Portuguesa marcou o gol de empate, recebeu do técnico apenas um sorriso de canto de boca e um simbólico olhar por cima dos óculos.

- Fica quieto, Estevam! Ninguém te obedece! Volte pra casa! - berrava, a cada tentativa de orientação por parte do técnico.

Com um bom número de torcedores para o horário escolhido, juventinos e lusitanos alternavam entre os gritos de apoio, na maior parte do tempo, e os de indignação com os erros dos atletas. Provocavam-se o tempo todo. Do lado dos donos da casa, alusões pejorativas à colônia portuguesa, rival nesta tarde.

No intervalo, um dos maiores atrativos do estádio: a venda de cannoli, doce tipicamente italiano, feitos na Barraca do seu Antônio, quase um ponto turístico dentro da Rua Javari. A iguaria, comercializada nos sabores creme ou chocolate, é vendida a R$ 5 e acumula centenas de fãs em uma fila única.

No setor das cativas, o famoso professor de língua portuguesa Pasquale Cipro Neto era cumprimentado de minuto a minuto. Torcedor do clube da Mooca, ele é figura conhecida e frequente no estádio juventino.

O sotaque italiano ficou ainda mais carregado no segundo tempo. Entre camisas grená com dizeres como “Orra, meu, eu sou da Mooca!” e “Mooca é Mooca, o resto é bairro”, os donos da casa pediram dois pênaltis, ambos negados pelo árbitro Aurélio Sant'Anna Martins.

Vibraram quando o goleiro André Dias fez um milagre, em cobrança de falta, para evitar a virada da Portuguesa. Comemoraram em dobro quando Léo Ribeiro recolocou o Juventus em vantagem. Explodiram em grená e branco quando Jorge Mauá deu o golpe de misericórdia nos rubro-verdes.

Faltou técnica? Sobrou carisma. O "clássico dos imigrantes" sobrevive.

Fonte: Globo Esporte


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